por Bernardo Luiz

O clima das serras de Taquaritinga do Norte (PE) proporcionou aconchego e tranquilidade para a realização do III Curta Taquary. O festival contou com os principais curtas-metragens do país, em uma mostra competitiva marcada pela grande presença do público e da cumplicidade entre os mais de 70 realizadores que participaram do evento.

O antigo cinema da cidade estava desativado; no entanto, a organização conseguiu o espaço para a realização do evento, proporcionando excelentes filmes para uma população carente de cultura cinematográfica.

Os diretores presentes eram cúmplices da união a favor do cinema. A troca de conhecimento, contatos, admiração entre si, colaboraram para que o evento fosse além de uma competição e sim um momento de comunhão e de apreciação. Alguns dos filmes premiados no Festival já eram conhecidos pelo circuito. O grande campeão foi Áurea (Zeca Ferreira – RJ) junto com O som do tempo (Petrus Cariry- CE). O primeiro relata a história da cantora Áurea Martins e o segundo é um documentário em que o grande diretor relata a questão do avanço da cidade diante a paciência e calma de uma senhora. No ano anterior, Petrus tinha levado vários prêmios no circuito nacional com o lindo filme A Montanha Mágica, e talvez seja um dos principais diretores dessa nova safra, principalmente por sua estética e simplicidade ao contar uma história.

Outro filme que não posso deixar de citar é o premiado A casa dos mortos (Débora Diniz – DF), que venceu como melhor roteiro. Esse documentário foi bastante premiado e conta as diversas histórias dos moradores de um manicômio judiciário em Salvador. A diretora conduziu seu filme de forma singular, sem julgamentos, deixando o público digerir tal realidade.

O prêmio do júri popular ficou com o mediano Caminhos de Santo Amaro (João Carvalho – PE). Este conta a histórias de peregrinos que saem de Recife – PE para Taquaritinga do Norte, como forma de devoção e fé ao santo padroeiro da cidade. O filme tem uma boa montagem e tecnicamente parece interessante, no entanto, o tom de reportagem impera, perdendo a dinâmica do cinema e se tornando algo bastante informativo.

O evento também premiou os produtores locais. A boa sátira Barone Jones 2 (Vanderson Barone – PE), proporcionou bons risos para a plateia que se divertia ao ver filmes como Indiana Jones e Matrix serem comicamente representados.

O festival também premiou animação e concedeu menção honrosa ao espetacular Recife frio (Kleber Mendonça – PE). Foi um grande evento, numa cidade acolhedora e com os novos representantes do cinema nacional. O Curta Taquary vem conseguindo marcar espaço no calendário cultural de Pernambuco e no circuito dos festivais de cinema.

Confira informações sobre o evento: http://curtataquary.com/resultados-do-curta-taquary-2010-2.html

Veja os premiados O som do tempo e A casa dos mortos.

*O ‘Gosto se Discute’ volta com a contribuição muito especial de Bernardo Luiz, estudante de Comunicação Social da UFRN e realizador já respeitado, com prêmios como o do EXPOCOM (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação) Nacional, na categoria Cinema e Audiovisual, Modalidade Cinema de Não-Ficção, com o curta “Vivo”. Bernardo foi convidado pela produção do festival para ser um dos avaliadores do III Curta Taquary.